quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Para ficar bom o que é bem

ainda falta para mim aquela conversa
que seja franca e rara
como o olhar que se atreve a ser olhado

falta ainda tempo para tê-la
mas falta
sobretudo
espaço em que a tida conversa prevaleça
e seja feita em palavra
dita com a clareza que só a palavra dita tem

e que não seja a dita conversa separada pela
mesa
pela
sala
pela
tela
pela
sigla
pelo tempo (que não há)

porque de tudo (quanto e quando) tudo isso passa
não passará a dita conversa
tida ou não tida

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Conferência

Mãos magras e compridas falam
olhares e cabeças que balançam
respondem

Servem óculos e sobrancelhas
sorrisos indicam concórdia (ou não)
olhos e cabeças também

A mesa que encontra o riste do dedo indicativo pontua;
é exclamação.

Palmas selam

Obrigado!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

POR CINCO MINUTOS...

Pela sociedade de direitos. Minha campanha é apenas por cinco minutos de burrice diária. Na antiguidade, o ócio. Agora, a burrice. Porque não? (Porque junto, separado, com ou sem acento? – gastei meus 10 segundos).
Ah sim, seriam não cumulativos. Não é como milhas que se pode guardar e gastar numa tacada só. E olha que tem gente que sem guardar acha que pode se beneficiar com um grande exagero (É trágico, mas o goleiro do flamengo é o melhor exemplo).
Outro dia avistei uma moça que tentava estacionar...muito clichê: não conseguiu. Não tentou nem cinco minutos e já tinha gente com ar de: “Sai daí minha filha”. Oprimida pela pseudo-eficiência.
Cinco minutos é um tempo quase bônus. Poderia ser gasto para dar uma espiada naquele site trash que você vê não tem coragem de contar a ninguém. Ou, quem sabe, naquela consulta tosca ao Google, quando se está em dúvida se é com s ou com z (e no fim, nem com um, nem com outro....) Olha: não dá para ver séries (ou filmes) idiotas; para essa causa será necessário outra justificativa mais cretina do que a minha campanha.
É claro que estou advogando em causa própria. Tenho dificuldade de abrir fechaduras (a chave nunca entra, se entra, não gira), erro sempre os caminhos (mesmo os que faço com freqüência), sempre volto ao apartamento porque esqueci algo (só aí gasto 4’20’, pois moro no último andar). Enfim, são vários equívocos diários que podem sim (sem a carga ofensiva da palavra) serem chamados de burrice.
A graça disso é que só sei que cometo essas porque não cometo outras e, na maior parte do dia (com a GRAÇA DE DEUS) dou conta do recado na primeira tentativa (e ninguém nota). Não, não quero a congratulação ao acertar puxar e não empurrar, quero apenas o direito (universal) de dar com a cara no vidro (que burrice!).


sábado, 20 de fevereiro de 2010

palavras grandes

Quer saber? Eu falo muito palavrão! Falo mesmo! Com gosto, boca cheia; das que coloca para fora (quase como um bufado) ou das que coloca para dentro, daqueles com tom de suspiro...sem comentários, rs
Só me dou conta da função social do palavrão ao ouvir de uma boca que quase o profere contraindo a pena do crime: "tá foda!"...E soa tão diplomático que vem seguido de um sorriso! É um sacrilégio mortal de "caralho" em meio a pequenos "porras" veniais, disfarçados de "pô". Tem seu charme!
É campanha mesmo... é para difundir... Acredito na função social da palavra e também do palavrão e derivados.
Mas só poupemos as crianças, porque ainda não entendem o profundo sentido, nem dos para dentro, nem dos para fora.
Desejo a todos ao menos um bom palavrão por dia!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

as coisas

eu e as coisas

desde muito cedo percebi que tinha pouco talento para cuidar das coisas
perdia, quebrava, pisava, arranhava, rasgava, ah. vá!
nunca entendi.
por maior que fosse a minha vontade, faltava talento para lidar com as coisas
a minha única coleção - que eu até achei que amasse - se desfez da forma mais visceral: mudou de dono, dispersou-se, quase como herança, no contra-fluxo dos objetos de coleção, os exemplares voltaram a vida real e a sua função de origem.
brincaram todos os carrinhos, encantados com o sorriso de Hugo.
ultimamente quebrei muitos óculos (ouvi dizer). analogias a parte (as rosas e as lilás), eram óculos de sol, uma coisa de proteção, charme e...quem sabe...disfarce. Várias vezes me senti mais cômoda com eles. Mas, fim das contas, e dos óculos, quebrei-o-osss.
(não por querer, é claro)

Agora é que eu quero ver...Ironia do destino... vivo com a cabeça nas coisas...vivo com os museus.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A dor não é do dente, é nossa

Olha...recentemente houve dor! Ah, se houve! (e ouve!). Foram-se três dentes, dos sisos, que deveriam se chamar cínicos. (Parecem ter sido implantado ali pelos dentistas, em nossas primeiras consultas, ainda quando crianças. Posso ver a cena, minha mãe se distraiu e o dentista meteu o dente...Não teve muito tempo, por isso só conseguiu colocar três. Isso só para que mais tarde algum colega de profissão pudesse - e pôde - dar o veredito: "Vai ter que tirar" - Agora sei porque não tinha bons sentimentos pelo dentista). Cacete, que dor!

Aí, o bom é que repentinamente, tive a oportunidade de pensar em como a dor é gêmea do prazer (claro, de placentas diferentes). Contorção, torção, ai, ui, tensão, alivia para voltar a contrair! (não é mero acaso o fato de algumas pessoas gostarem da dor, seja física, mental, espiritual, visceral, da alma do cérebro...enfim) E eu hein?! Não gosto não, quer dizer, acho que não! rs (O pior é que tive tempo para pensar nisso tudo nas longas frações de horas em que o dente cínico teimava em ficar)

Coitada da fada dos dentes... junto com os pequenos trecos, de raiz e sangue, leva também tantas aflições. Talvez, para sua compensação, (talvez), também leve um pouco do prazer alheio...
Vai entender...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

sentido do chão

é...registrei minha primeira (e quiçá a última!). e o sentido foi o chão. como 3 segundos são capazes de marcar vários outros segundos...um andar meio manqueta, a mão ralada...tudo em 3 segundos, o tempo exato de gritar um 'puta que pariu' rápido. conclusão: havia umas amêndoas no meio do caminho, no meio do caminho havia umas amêndoas... disse-me ela que é coisa de equilíbrio. de certa forma sempre pendi para um dos lados mesmo...mais para a esquerda do que para a direita. mas, que a turma da política se aquiete, desta vez não foi culpa do Lula!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

E eu...

Eu que nunca, ou raramente, entrei em blogs, agora to aqui, pagando a língua. Parece que não tem escapatória... Nessa loucura, que eu gosto de chamar 'pós-moderna', uma hora ou outra, vamos precisar de um lugar p encher de baboseiras. Afinal, não há mais ouvidos que se dediquem a faladeira alheia (nem os meus).
Eu, que tenho saboreado as delícias da memória, sei que uma coisa só para de martelar a cuca quando a colocamos em outro suporte de memória. (Sai daqui então baboseira impertinente...melhor ganhar as páginas do google, que parece me adorar, pois oferece um mundo de coisas - de graça -, é sempre simpático e atencioso e, além disso, ainda me ouve!)

Vou começando assim, timidamente.